quarta-feira, 29 de junho de 2011

Porque es tan fuerte que solo podré vivirte

“Por qué tanto perderse


tanto buscarse, sin encontrarse.

Me encierran los muros de todas partes.”

Por que procurar tanto por algo que não se perdeu. Ou se se perdeu, não pode estar em nenhum outro lugar que não seja aqui. A não ser que, algo morreu. Eu morri.

Não é uma afirmação, ainda, e se a medicina psicosmológica já existisse eu teria que marcar uma cirurgia:

- Por favor, façam um corte longitudinal simétrico no meu peito. Procurem essa menina aqui da foto. É só o espírito dela que se perdeu, a cara não me interessa, eu gosto dessa aqui mesmo, amarrotada. Mas tem um problema, a verdade é que não sei se o que procuro está no músculo elástico que pulsa, ou na massa cinzenta cheia de dobras e sinapses nervosas.

Onde está? Tinha desejos e medos. Tinha dúvidas e certezas.

Tinha vontades. Vontade de chegar até aqui, mas agora que chegou... acho que fugiu.

Chegamos e trocamos de roupa. Me dá uma limpa e que me sirva.

Eu vim de longe, de lá de trás do morro, da campinas, do roçado. Eu sou de lá, a raiz comprova, olha aqui. E não quero voltar agora, mas eu também não quero ficar.

O mundo é grande José, e você com dois braços. A terra se mexe embaixo dos meus pés, eu sinto e os joelhos tremem, não dá prá andar. O céu se move encima de mim. Mudam as cores, as nuvens, as estrelas. O sol é mais claro aqui, só que não esquenta tanto, também não chove. Sem nenhuma árvore, mas todas as estrelas. Rio seco, como é seco o sertão.

Casa, carro, jardim, empregada, maquina de café, contas, supermercado.

Ela fugiu, mas volta.

“Mi mente tan llena

de cara de gente extranjera,

conocida, desconocida

he vuelto a ser transparente.

No existo más.”